É neste Continente que deixo partes de mim
Pequenos segredos
Histórias com nexo
E sem.
Continente, que põe em dúvida o mar
Que me tira a cobardia
Onde me confundo entre palavras
Continente em que tu és Senhora
De muito
E de uma parte de mim
Com sorrisos te atiro os meus medos
Para que os desmontes como peças de lego
Peças que te peço de volta, sem arestas
Terei eu continente mais livre do que este?
Onde posso dizer tudo o que me vem à cabeça
E fazer quase tudo o que me dá na real gana
Por vezes tenho vontade de conquistar esse Continente
Entrar de rompante e confundir a tua razão
Mas que faria eu com tamanho Continente?
Entre mãos que tremem denunciando a minha fragilidade
Acho que te o devolvia embrulhado em folhas de maré
Com um sorriso no canto da boca,
Como um cigarro que nunca se apaga.
Continente em que me estendo
E os meus braços tudo alcançam
Quase tudo…
A ti não…
Senão…
O Continente desaparecia
E passava a ser uma ilha entre muitas
Nesse Continente posso ver tantas luas como estrelas
E posso passar pela Alice em vez do coelho apressado
Que outros vêem em mim
E de pequeno ilhéu passo a Continente
Durante o tempo que resta
A alegria de te reencontrar acende-se como um rastilho
De foguetes chineses
E eu leio nos teus gestos aquilo que não te atreves a dizer
E nos teus olhos aquilo que não me atrevo a perguntar