Nunca saberei em que pensas
Sentada nessa cadeira
Nunca saberei o que levas
Para junto da tua lareira
Dispo-me à tua frente
Uma nudez de palavras
A minha mente demente
Uma terra que lavras
Sem te poder abraçar
Como abraço a uma mãe
Sem poder atravessar
O espaço que nos retêm
Queria poder perguntar
Se tens um gato ao teu colo?
Queria deixar de imaginar
Que te encontro noutro pólo
O que lês nos meus sonhos?
O que prevês nos meus desejos?
Eu queria ter dois ninhos
Sem me picar nos tojos
Deitada numa cama
A dizer o que não penso
Espero pela tua calma
Que se agita como um lenço
Anseio pelo dia
Em que deixe de te ver
Sabendo que podia
Abandonar-te sem doer
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